sábado, 24 de março de 2012

Corruptos x servidores públicos

Falta o essencial, ao exército de servidores públicos, que tem acesso a um padrão de vida inacessível à maioria da população brasileira. Falta o que sobra aos corruptos: ambição e garra.

Corruptos atropelam as necessidades da sociedade em que se acham inseridos porque são incontentáveis em suas metas pessoais. Já o exército de servidores públicos, satisfeitos na mediocridade, não ousam  exercer o próprio ofício para construir um estado mais justo, que utilize os impostos que arrecada na prestação de serviços de qualidade.

O servidor público, apesar de tantos concursos, tantos anos de estudo, tornou-se um alienado.

Nas empresas privadas, que demitem quando querem, há espaço para discussão, para a discordância.
E na repartição pública? Não haveria? Todos estariam obrigados a compactuar com deslizes e descuidos que abrem portas para o ladrão do dinheiro público?

Por exemplo: no procedimento que antecede a celebração de um convênio que permitirá o repasse de dinheiro público para ONGs, um servidor é, sempre, incumbido de verificar a adequação desse ato, examinando a documentação de habilitação da Instituição e valendo-se de recursos tecnológicos que permitem confirmar dados e refutar qualquer tentativa de burla. A rotina prevê, inclusive, a visita ao local para verificar se a ONG existe, de fato, se tem capacidade técnica para desenvolver a ação que vai beneficiar a clientela mencionada no convênio... Como se explica, então, os escândalos anunciados nos jornais em que ONGs fantasmas receberam dinheiro público?

Ministérios importantes, gestores de orçamentos de vulto, frequentaram o noticiário recente, envolvidos em escândalos com ONGS: o Ministério do Esporteo Ministério do Trabalho  e o Ministério da Educação.

Portanto, muitos deixaram de desempenhar adequadamente o próprio papel, deixaram de realizar as tarefas que justificariam  o recebimento do contra-cheque, no final de cada mês.

Medo de quem? Afinal, todos estão bem aqui, na Capital Federal, tendo a imprensa nos calcanhares dos políticos.  Se, aqui,  não se puder trabalhar adequadamente, em que outra instância e lugar isso seria possível? Só depois que tudo vire caso de polícia? Mas, aí, será tarde demais, o dinheiro já terá "viajado" pra bem longe e as pessoas que, aqui, deveriam ter sido beneficiadas, estarão à míngua, orfãs das ações de competência do estado brasileiro.

Para os que se contentam com tão pouco e não se importam em viver em uma espécie de ilha cercada de violência e de carência por todos os lados, parece que está tudo bem.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Conivência, convivência, covardia, omissão... Será?

Ontem, descrevi minha perplexidade com aqueles que, orgulhosos das próprias trapaças e armações, legam aos filhos, além da fortuna que conseguem amealhar, seus modus-operandi, seu estilo criminoso de viver, de ludibriar...

Sempre retorno ao assunto "corrupção", neste espaço, porque o tema faz parte do meu cotidiano desde que, há mais de quarenta anos, ingressei no Serviço Público Federal, recém saída do segundo grau, depois de ser aprovada em concurso público para ocupar o cargo de contabilista.

Eram os tempos da antiga Inspetoria-Geral de Finanças, que acumulava as funções de administração financeira, contabilidade e auditoria, ainda na época da primeira reforma administrativa, com a publicação do Decreto-Lei 200/67.

Tenho motivos de sobra para me orgulhar de uma vida inteira dedicada a esse trabalho.

Em oposição àqueles que se orgulham, pelo motivo contrário, aqueles que, como eu disse na postagem de ontem, "acham bonito ser feio", estou convencida de que bonito, mesmo, é ser decente.

Lamento, porém, que tantos servidores públicos, com padrão de vida razoável, plano de saúde, boas escolas para os filhos e estabilidade garantida pelo RJU, não se compadeçam do restante da população...

Lamento que esse verdadeiro exército civil se encolha, medrosamente, não se arriscando a desobedecer, a contestar...

Como seria possível a prática tão aberta da corrupção, em ambiente administrativo tão hierarquizado e formal como o das repartições públicas? Eu não entendo.

Então, conjecturo porque a minha experiência me dá uma certeza: cada ato de gestão de recurso público requer muitas assinaturas, em muitas etapas, em níveis diferentes de gerência, cada nível exercendo papel próprio. Eu não acredito que todos se corrompam, que todos façam parte de esquemas... Provavelmente, muitos se omitem, não discutem, não reagem...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tem gente que acha bonito ser feio...


Alguns fazem da trapaça, da fraude, do estelionato uma profissão que exercem a vida e inteira; enriquecem e, espanto!, legam essa profissão aos descendentes. Essa pseudo-elite é orgulhosa das próprias armações.

É, como dizia um ex-colega de trabalho: tem gente que acha bonito ser feio.

Lembram daquele vídeo da oração da propina? Não é raro que os que praticam crimes ergam as mãos e clamem por bençãos...

No vídeo do último domingo, no Fantástico, vimos que um dos fraudadores discursa e declara, vaidosamente, que ensina aos filhos aquelas regras de "boas maneiras"... Coisa de mafioso, os criminosos, em geral, tem seus códigos de conduta.

É verdade, tem gente que acha bonito ser feio!

Portanto, nós, os outros, precisamos cultivar com disciplina e extrema força de vontade o nosso "manual", contemplar nossa alma e ver a beleza, achar que bonito é ser bonito.

E haja força de vontade para não sucumbir porque somos pisoteados, achincalhados, a toda hora, quando trafegamos no congestionamento, em vias esburacadas, em ônibus superlotados, dependendo de um sistema de saúde deteriorado...

Mas, há recompensa. Não em uma vida além-túmulo mas agora mesmo. A recompensa vem da consciência da própria sanidade mental e do reconhecimento de que essa pseudo-elite está podre, exala, em vida, o mau cheiro da morte. É questão de tempo, serão consumidos pelo próprio egoismo.

Não há futuro para os que não sabem compartilhar em um planeta com recursos cada vez mais reduzidos. Não há espaço suficiente para essas criaturas tão espaçosas.

De algum modo, o fim do mundo já chegou, de modo bem particular, para essa turma de insanos que deixou a vida se esvair, sem viver o que valia a pena, sempre insaciáveis, acumulando o que não serão capazes de usufruir. Não se enxergam, têm orgulho da própria canalhice.

Que tem razão é o Arnaldo Jabour que resumiu esse tipo de comportamento perverso e, ao mesmo tempo, presunçoso, em uma frase brilhante:

"Ninguém diz, de fronte alta: "Eu sou o mal!" Ou: "Muito prazer, Diabo de Oliveira...""...

Precisamos mandar os "Diabo de Oliveira" de volta ao inferno: Bateu? Levou!

terça-feira, 20 de março de 2012

Fim do mundo.

Ontem, passei o dia com a sensação de que precisava lembrar de alguma coisa... Algo importante no dia 19 de março. De repente, lembrei: era o dia de São José, santo de devoção da minha mãe. Ela morreu em 2005, então, tudo é pretexto para ruminar, reviver boas lembranças e lamentar a ausência, lamentar o que poderia ter sido melhor aproveitado, na convivência.

A vida é corrida. Como disse Oscar Niemeyer, é um sopro. Então, tudo se vai, como fumaça, "tudo que se vê não é igual ao que se viu há um segundo" (Lulu Santos).

Mal começou o ano, e cá estamos, no final de março, final do verão, caminhando a passos largos para o segundo semestre.  Nessa marcha, atravessaremos o ano, num relâmpago, rumo a  2013. Isso se vencermos o dia 21 de dezembro, data marcada para o final de tudo.

Segundo o que tenho lido, de escritores místicos (Ou caça-niqueis que aproveitam o misticismo reinante para vender?), não restará pedra sobre pedra: o mundo vai virar de ponta cabeça, literalmente, o polo sul vai virar polo norte (e vice versa); continentes vão submergir; a Atlântida, submersa, ressurgirá. Vulcões adormecidos entrarão em erupção, maremotos, terremotos varrerão a terra... O caós se instalará.

Um fim do mundo bem particular, restrito, que varresse a corrupção, que libertasse os corruptos aprisionados ao vício de roubar...Não seria mal.

Os corruptos são seres ridículos, deploráveis; nos vídeos divulgados no Programa "Fantástico", no último domingo, é explicita a patetice dos entrevistados, tão cientes dos próprios atos, tão seguros de si e da situação que protagonizam. Tamanho é o cinismo dessa gente, tão miseravelmente pobre, que parecem arremedos de palhaços.

Não somos nós, a sociedade, os ludibriados. São eles.
A vida é curta e esses indigentes do amor acreditam estar aproveitando tudo o que podem, em detrimento do próximo, desprezando acintosamente  todos os outros cidadãos.
E justificam os próprios atos, sem o menor pudor, classificando de "ética de mercado" as fraudes e armações que maquinam para dar vazão  a uma ambição desmedida.

Um fim do mundo para eles, com terremotos, vulcões, dilúvio... Que numa fração de segundo, tudo que acumularam com tanto gosto, vire pó.






segunda-feira, 19 de março de 2012

Bullying, assédio moral... Coisa de canalhas (ou de dementes?) Mas, hoje, é dia de São José!


Uma cartilha sobre bullying no sítio do Conselho Nacional de Justiça é orientação importante para pais e professores; mas é útil a qualquer de nós pois o conjunto de atitudes que denominamos de bullying, adotando termo do idioma inglês, também se faz presente no mundo dos adultos, especialmente no mundo do trabalho, onde é identificado como "assédio moral".

O efeito do assédio é tão devastador sobre os adultos quanto é no ambiente escolar. Assim como as crianças, que se se deprimem e abandonam os estudos,  apresentando  distúrbios psicológicos, também o adulto entra em depressão, sofre síndrome do pânico, etc.

E o mais dramático: a vítima desses ataques não consegue se defender pois tudo se faz ardilosamente, a vítima é desqualificada, intimidada, ninguém lhe dá credito. No caso da criança, a ameaça é de dano físico, no caso do adulto, a ameaça é a perda do emprego.

Não se pode confundir bullying com mera brincadeira de criança. Muitas vezes, a brincadeira fica a um passo do bullying ... Os adultos precisam exercer a vigilância. Quem sabe, assim, evitaremos que o adolescente cruel de agora se transforme em futuro assediador.

O assediador não respeita diferenças nem vulnerabilidades, sua vítima é, sempre, um sujeito mais tímido, menos assertivo... O assediador, na minha opinião de leiga, é um doente, um psicopatazinho que se compraz sadicamente com o sofrimento do próximo.

Entre as crianças, é uma brincadeira irresponsável, embora cruel, pois ainda não se aprendeu a medir consequências, não se aprendeu a maquinar, a engendrar... Entre os adultos há, também, a brincadeira odiosa, daquele tipo que humilha e constrange...

Hoje, é dia de São José, pai compreensivo, trabalhador, um chefe de família exemplar. Que os pais de família se mirem nesse exemplo e eduquem seus filhos...Que eduquem verdadeiramente, assim se corta o mal pela raiz; a educação é preventiva  e definitiva na medida em que se valha de verdades eternas: "Não façais ao próximo o que não queres que vos façam".

Afinal, quem gosta de ser humilhado, constrangido, depreciado, xingado de todos os apelidos, quem quer ver ressaltados seus defeitos físicos, seus pontos fracos?