domingo, 4 de março de 2012

Homens que não amam as mulheres; mulheres que não amam a si próprias

De espanto em espanto, de surpresa em surpresa, felizmente ainda me importo, ainda me revolto, não acho tudo normal, natural, apesar das seis décadas vividas...

E, me assombro com o relato da jornalista Ruth de Aquino, publicado na Revista Época deste domingo, sobre os ataques virtuais sofridos pela publicitária Renata Gervatauskas que, simplesmente, exerceu o direito da livre expressão e postou, no blog da Revista, artigo sobre tema do universo feminino. Ela disse: "A gente ainda confunde o instinto materno com a obrigação de cuidar sozinha das crias."

E conseguiu provocar reações masculinas furiosas... Impressionante!

O sugestivo título do artigo de Ruth,  Os homens que não amam as mulheres... (em alusão ao livro e ao filme "Os homens que não amavam as mulheres") me faz pensar que muitas mulheres, que não amam a si próprias suficientemente,  estão alimentando esse odioso comportamento masculino, ainda que involuntariamente. Muitas não vivem para si próprias, vivem para agradar, conquistar, seduzir a platéia masculina, são despersonalizadas, não tem um verdadeiro projeto pessoal. O projeto pessoal delas consiste em ter alguma autonomia financeira para investir na aparência física para agradar um futuro parceiro...

Essas são as inimigas do feminismo, tanto quanto são os homens que não suportam uma mulher que cobre respeito no relacionamento ou que ouse, a qualquer momento, jogar tudo para o alto e partir para outra, simplesmente porque decidiu que não quer mais dividir a vida com aquele parceiro desrespeitoso.

Há cerca de um ano, quando as notícias sobre o desaparecimento de Elisa Salmúdio (ex do goleiro Bruno) inundavam as páginas da Internet e dos jornais, eu me enojei com comentários postados por homens e mulheres que, classificando a morta (?) de prostituta, tentavam justificar os atos odiosos que teriam sido praticados contra ela.

Basta percorrer os comentários postados em noticiários de assassinatos de mulheres por seus ex, lá estará o ódio explicito de homens que se identificam, acham que foi merecido, o castigo... E, lamentavelmente, há mulheres que compartilham...De piranha à vagabunda, são os adjetivos com que se referem às vítimas.