sábado, 26 de novembro de 2011

Inteira liberdade e independência? Nem tanto...

É ilusão imaginar que se possa escrever, e publicar, com "inteira liberdade e independência"... A "inteira liberdade..." é adstrita a consequências eventualmente provocadas pelo que se escreve.
Quando decidi excluir o blog, que tinha por tema protestar contra a corrupção, o fiz por recear algum tipo de consequência. Entretanto, tudo que escrevi, em mais de trezentas postagens, foram somente comentários onde expunha, o mais didaticamente possível, os meandros de atos de gestão contaminados pela corrupção; e os mecanismos de controle, legalmente vigentes, pelos quais teria sido possível, ao Poder Público, impedir a concretização do mal feito.

Meu ponto de partida eram, sempre, acórdãos publicados pelo Tribunal de Contas da União e respectivos relatórios de auditoria onde se comprovava a  malversação escandalosa do dinheiro público. Ou seja, não era, eu, a responsável por qualquer denúncia (Haja coragem!); apenas esmiuçava indigestos relatórios técnicos, tentando tornar o assunto palatável. Mesmo assim, a certa altura, percebendo que  fazer "caixa dois", com superfaturamento e repasses de recursos públicos a fundo perdido, tornara-se medida corriqueira, do tipo "os fins justificam os meios", optei por excluir meus artigos.

Afinal, sou, somente,  uma cidadã indignada, não tenho o suporte de uma instituição com um departamento jurídico capaz de responder a uma eventual interpelação. Melhor prevenir porque, em 40 anos de Serviço Público, meu único patrimônio é a experiência.

E há um problema de fundo, nesse cenário de corrupção, que é a arrogância, a desinformação e a incompetência. E, um indivíduo arrogante que se julgue atingido em sua vaidade, reagirá, antes, pelo orgulho ferido do que por vergonha do ato praticado; e a retaliação não se fará esperar.

Corruptos arrogantes, arrogantes honestos,  ingênuos desinformados embriagados pela proximidade com o poder e que não conhecem absolutamente nada de administração pública...Tem razão um ex-colega de trabalho, piadista, que vivia repetindo: "Tem gente que acha bonito ser feio."  E eu completo: tem gente que se compraz na ignorância.

Agora mesmo, vimos, no noticiário, um ministro quase em lágrimas, se dizendo atacado, no episódio da substituição do BRT pelo VLT, ou seja, um projeto de 489 milhões daria lugar a um projeto de 1,2 bilhão...E não se pode questionar?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O signo de gêmeos: inconstância, curiosidade, comunicação, flexibilidade...

Sou uma blogueira bissexta, embora tenha muito a dizer...
Como geminiana típica, sou viciada em informação (curiosidade é o meu nome rrrssss). E gosto de compartilhar, de me expressar, aconselhar... Às vezes, acabo bancando a "sabe tudo". E colho antipatias (Quem ela pensa que é?).

Assim sendo, a possibilidade de escrever sobre qualquer coisa, com inteira liberdade e independência, seria fascinante para quem sente a necessidade de extravasar o pensamento. Mas, não sei bem porquê, não sou constante neste espaço, releio as postagens e me acho pretensiosa, chata, sempre reiterando o papel salvador da educação, mesmo em postagem que tinha por alvo reclamar dos preconceitos sofridos, que publiquei no final do ano passado. Provavelmente, não foi lida por ninguém, quem sabe, agora...

MATURIDADE E FLEXIBILIDADE

Um cabelo branco aqui, outro ali, umas rugas, uns sulcos... Maturidade chegando, alguns privilégios, muitos estereótipos, muito preconceito a ser enfrentado. É que pessoas jovens, que pena, se apegam a algumas ideias com pouquíssima reflexão. E não é de agora e nem se pode culpar a atual geração de jovens. Na verdade, crenças vão sendo transmitidas, de pais para filhos; e, tão logo esses filhos se tornem adultos, se portarão, frente à geração de seus pais, com igual carga de preconceitos.

Eu me lembro que, na década de 80, quando decidi voltar à Faculdade, um dos professores indagou a idade de todos os alunos e há quanto tempo estavam longe dos estudos. Ao ouvir-me, sentenciou: você terá que se esforçar muito... Não é para te desanimar, não... mas...

Imagina se eu me desanimaria com tamanha sandice... E eu nem  havia completado os 40.
Mais tarde, já em pleno século 21, quando me candidatei a uma vaga em uma grande empresa de telecomunicações, ouvi: vai ser difícil, a empresa não contrata maiores de 50. Difícil, seria qualquer dos concorrentes, menores de 30, conhecerem tudo o que eu sabia, e sei, sobre a minha área. Por isso, fui selecionada.
Aos sessenta, de volta ao mercado, percebo a desconfiança e, paradoxalmente, a confiança que desperto. Se, por um lado, a tendência é acreditar que alguém com 30 anos de experiência vá superar as expectativas, por outro lado, há os que se permitem duvidar de quem traz as marcas do tempo no rosto, como se todo o nosso conhecimento estivesse superado, desatualizado... ou seja, teríamos passado uma parte da vida encerrados em uma espécie de cápsula do tempo, a margem dos acontecimentos! Pura tolice, puro preconceito contra os mais velhos.

Um indivíduo jovem pode estar totalmente desatualizado caso viva isolado dos acontecimentos, caso não tenha interesse suficiente pela própria profissão, caso não tenha compromisso com o próprio trabalho.
O que eu acho quase cômico é que noto, nas entrelinhas e nos entreolhares, a incredulidade dos que me ouvem referir legislação com idade superior a 40 anos. É a ignorância de adultos jovens frente à legislação que, por dever de ofício, deveriam conhecer e aplicar. E, também, a falta de cultura geral pois quando se trata do Direito, uma pessoa razoavelmente bem informada jamais faria esse tipo de associação, inferindo que alguém com mais de 60 cita normas antigas por desconhecer normas atuais.

No Direito, quanto melhor a norma, por mais tempo se manterá. Mas os ignorantes, provavelmente, desconhecem esse princípio,  não sabem que a constituição inglesa e a americana são centenárias; e que o nosso código penal data de 1940! Não sabem que a sucessão de leis e de medidas provisórias resulta, não de um imperativo ditado pela necessidade de modernizar, mas da falta de habilidade em construir normas flexíveis que atravessem o tempo se ajustando  a novas realidades.

Pessoas que não se educam, velhos ou jovens, se refugiam nos preconceitos herdados, se comprazem em ser ignorantes. E a educação institucional, infelizmente, contribui para sedimentar esses preconceitos já que não trabalha para demovê-los ou sequer os identifica. Fazer o quê? O jeito é se armar de paciência, paciência que só a maturidade confere. E torcer por uma melhor educação.