domingo, 29 de agosto de 2010

Mulheres, homens... gays ou héteros...Seres humanos!

Os tempos mudam, os clichês e chavões pelos quais muitas pessoas se norteiam, também mudam.Ou seja, não nos desvencilhamos dos clichês, apenas os substituímos.

Portanto, não se pode contar com uma mudança de atitude, onde passemos a reconhecer e a rejeitar certos padrões de pensamento. E que padrões! Limitadores porque imobilizam, impedem o pensamento de fluir com liberdade, freiam a marcha do progresso, se opõem, até, à ciência.

Não vai longe o tempo em que "pérolas de sabedoria" desfilavam na boca de muita gente tida por intelectual: "Ecologia é coisa de viado", "lugar de mulher é na cozinha", "um homem não se senta no banco do carona em carro dirigido por mulher", "um filho gay ou uma filha solteira grávida, não podem partilhar a vida da família"...

Por causa desses padrões, solidamente plantados, considerável parcela da humanidade foi mantida em exclusão, não teve chance de contribuir com os talentos mais típicos de sua experiência e condição.

No século passado, quando a mulher começava a ter acesso às universidades e ao mercado de trabalho, era rotineiro se ouvir que não eram aptas para as áreas ligadas às ciências exatas, que mulheres não eram dotadas de raciocínio matemático: seres essencialmente maternais, deveriam buscar áreas de acordo com esse perfil.

Disseminando-se esse tipo de crença, restringia-se o acesso das mulheres a cursos que não fossem os de enfermagem, serviço social e magistério. E quando uma mulher ousava discordar desse molde, dessa espécie de forma, era logo rotulada, de rebelde, sapatão ... E, quando bem sucedida no trabalho, sempre levantaria suspeitas quanto à sua conduta sexual: será que dormiu com o patrão?

Preconceitos semelhantes são impostos aos que tem conduta sexual diferenciada e, historicamente, gays tem sido compelidos ao exercício de atividades tidas por femininas: na área de estética, artes, decoração, moda... Interessante é que somos, todos, levados a acreditar que gays devam se circunscrever a esse nicho, porque eles são como as mulheres, sensíveis... E a palavra "sensibilidade", nesse contexto, é sempre empregada de forma pejorativa.

Quando é que vamos procurar pensar com mais liberdade? O mais provável é que gays, assim como as mulheres, exercendo profissões fora desses nichos, vão desempenhá-las com o mesmo sucesso que os homens hetero, bastando que se lhes dê a chance de serem tratados como seres humanos que são, independentemente de sua inclinação sexual.

Já se nota, hoje, que algumas construtoras dão preferência à contratação de mulheres porque elas são mais caprichosas, mais detalhistas. Mas, há pouco menos de 30 anos, quem apostaria na presença de mulheres em canteiros de obras?

E os gays? Os que assumem publicamente a condição, continuam excluídos, marcando presença nos mesmos setores...

É interessante notar que a questão sexual, a par das religiões praticadas no mundo, mal compreendida e transformada em tabus de toda a sorte, é o pano de fundo de todo o atraso, de todas as limitações e atos de crueldade praticados contra tantos inocentes, por aqueles que se acreditam investidos de autoridade para impor um falso padrão moral: não raro, aqueles que perseguem e maltratam seus semelhantes é que são os portadores de desvios no comportamento sexual! Trata-se, na verdade, de um "padrão moral" ditado por recalques e desvios que poderiam ser curados com uma boa terapia.

Ou seja, doente é quem persegue o próximo cerceando a sua liberdade e oprimindo-o, subtraindo-lhe oportunidades de educação e de trabalho.

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