sábado, 25 de dezembro de 2010

Contra o convencionalismo, a favor de Ivan Illich. Por quê?

No post anterior, relembrei Ivan Illich. Esse pensador me impressionou de forma definitiva quando, ainda na Faculdade, por proposta da professora da cadeira de Metodologia Científica, fiz a leitura, resumo e comentário da sua obra mais famosa: Sociedade sem Escolas.

Não fosse a zelosa professora Maria Bueno e eu estaria, até hoje, ignorando conceitos arrojados que me ajudaram a confirmar muito do que eu já intuía e a me desvencilhar, de vez, de preconceitos e equívocos sobre a minha suposta incapacidade e sobre as capacidades de profissionais e de suas instituições. Valeu por uma terapia. Ou, quem sabe, mais que uma terapia.

Na época, eu já era mãe de quatro crianças, dois deles portadores de alergias severas. Lutando com o uso da medicação convencional para essa patologia (que, ainda hoje, é o que há: corticóides e aminofilina), eu começava a descrer da Medicina. Sempre buscando a transcendência, eu assinava uma revista chamada "Planeta" e, ali também, fui surpreendida por idéias tão arrojadas quanto as de Illich: Por que o homem é o único animal que bebe leite a vida inteira? Por que beber leite de outros animais? E eu, comigo mesma: Não deveria beber???!!!!! Trocamos o consumo da mandioca (herança indígena) pela ingestão do venenoso trigo branco... E que mal haveria , no pãozinho de cada dia, pensava eu com espanto!?

Era o início da década de 80, estávamos muito distantes das liberdades dos tempos presentes e dos avanços da Nutrição. Aliás, tudo o que se referisse ao tema alimentação estava restrito ao âmbito doméstico, portanto, alvo de menosprezo, coisas de mulher. Mas, tive a sorte de ler os artigos de um médico, Dr. Márcio Bontempo, um homem que ousava pensar, naquela revista despretensiosa, a "Planeta".

Eu me recusava a aceitar quando alguns profissionais de saúde teimavam em me fazer acreditar que o resultado de uma operação dois mais dois não era quatro. Ou seja, eu via os efeitos devastadores da aminofilina no organismo do meu filho que me dizia: mãe, eu estou triste, mãe, estou cansado... não sei porque eu estou triste, mole...

O remédio provocava depressão na criança... O Pediatra dizia que não. Eu preferi acreditar no que via e desistir da medicação.

E, enquanto meus filhos cresciam, minha experiência se consolidava: é difícil lidar com profissionais diplomados, principalmente da saúde, porque descartam o outro como ser pensante, porque negam evidências ao invés de admitir que não tem todas as respostas. Na educação, pude testemunhar a forma como respostas criativas dos meus filhos eram descartadas como erradas por variados professores, enquanto cursavam o ensino de 1º grau.

Portanto, com esse sentimento de desconforto, resultado de experiências tão negativas, conhecer o pensamento de Ivan Illich foi, para mim, libertador.

E, daí, surge o meu interesse pelo tema "saúde e educação" e a vontade de tratá-los, numa visão integrada: a saúde vem da alma e a educação é que a constrói.

Quem é o doente? É quem persegue o próximo, é quem rotula e exclui...é todo aquele que, movido pela própria rigidez e conservadorismo, ultrapassa os limites daquilo que alega estar defendendo: seja a saúde, seja a educação, a decência, a ética, a moral e os bons costumes...

A propósito, vale lembrar a postagem anterior, sobre Júlio Assange:  invocar sigilo de estado para ocultar ações criminosas, ou duvidosas, não seria imoral é doentio? Quem tem esse pecado, ou doença, não poderia atirar pedras em Julian Assange. Precisa, fundamentalmente, curar-se, ou melhor, educar-se...

Tanto é verdade que a educação condiciona a saúde que, hoje, quando se busca o controle de peso, a palavra chave dos nutricionistas é reeducação. E, se alguem infarta, o cardiologista logo propõe a formação de novos hábitos ou seja: reeducação. Aos deprimidos, a ciência já recomenda a prática de atividades físicas, que estimulam a produção de dopamina e serotonina, visando a redução gradativa de medicamentos.

Fica cada vez mais claro que o uso de um arsenal de remédios e a repetição de exames sofisticados e dispendiosos, podem ser suprimidos quando as pessoas são orientadas a cuidar de si mesmas.

E a nossa suposta incapacidade, frente à pseudo-proteção das instituições, começa a ser questionada, felizmente. Até porque, o Estado já se sabe incapaz de prover cuidados para a massa sempre crescente de doentes.
A razão, portanto, sempre esteve com Illich quando defendia a autonomia do cidadadão contra a supremacia das instituições.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Julian Assange

Julian Assange ousou desafiar os poderes estabelecidos publicando segredos muito bem guardados, vazando documentos sobre crimes de guerra que teriam sido cometidos pelo exército americano, no Afeganistão e no Iraque. Assange, criador do WikiLeaks, site que publica, anonimamente, informações confidenciais vazadas de governos e de empresas, está em prisão domiciliar, na Inglaterra.

Os podres estão expostos e quem os guardava faz o que os donos do mundo, em todos os tempos, sempre fizeram aos rebeldes: persegue.

Leio rapidamente essas notícias e penso no que li, há duas décadas, em um livro chamado "Sociedade sem Escolas", do pensador Ivan Illich, um outro radical. Illich falava da dependência subserviente do cidadão  às instituições (principalmente à escola) que, gradativamente, subtraíram de nós a nossa capacidade de subsistir por meios próprios, de pensar com mínima autonomia, de expressar a própria criatividade, de ousar seja lá o que for. E ai dos que ousam! Se estão em situação de trabalho, logo são sabotados, sofrem assédio, são desacreditados pelos medíocres, sob os olhos dos donos e de gerentes que, um dia, certamente, foram ousados.

Illich foi um visionário que enxergou algo bastante óbvio, como é próprio dos visionários. Enxergou o que é conhecido dos Psicólogos: a educação institucional, com seus esquemas de "certo x errado" limita e cerceia a criatividade. Com efeito, a escola pode ser intimidadora, pode aniquilar, além da auto-estima, a capacidade crítica e a própria capacidade de aprender uma vez que, vigorando a crença de que somente a escola proporciona o aprendizado, as pessoas não são estimuladas a buscar o auto-aprendizado. 

E, agora, que Assange ataca duramente institituições poderosas usando um veículo que, por incrível que pareça, foi pensado por Illich (uma rede e tecnologia), quem sabe essa discussão, do início dos meados do século passado, venha a ser retomada.

Illich pregava a criação de redes de aprendizagem apoiadas em tecnologias avançadas o que, nos dias presentes, se faz corriqueiro embora coexista, ainda, com os antigos modelos de escola. Assange também não é amigo de instituições modernas que, revestidas de poder pelo cidadão, usam esse poder para acobertar práticas criminosas. Para quê segredo? A quem serve o sigilo? Quando o sigilo é necessário e com que finalidade?

Instituições muito poderosas, se sobrepondo ao interesse coletivo, servem a quem?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Voltando ao foco: a saúde vem da alma

Apesar de gostar de escrever e de compartilhar vivências e opiniões, nem sempre posso postar...E as boas idéias desaparecem, voltam à origem. E acabo desistindo, abandonando esse projeto de escrever sem qualquer pretensão, a não ser a de usufruir o prazer de brincar com as palavras, de tentar construir bons textos a partir da observação de questões que interessam a todos os que buscam a transcendência, o viver um pouco mais além das aparências: a saúde vem da alma, a educação é tudo.

Estive ocupada, dedicada a um trabalho temporário, no último ano. Hoje, foi o último dia.

No ano anterior, quem tomou o meu tempo foi a minha adorável netinha, de 20 meses de idade. E, meses antes, ataquei de dona de casa, durante a gravidez e a licença gestante da minha empregada.

O meu batente, agora, é aqui...conversando comigo mesma e com quem mais quiser ouvir, deixando de lado a política: urnas abertas, votos contados, presidente e governadores eleitos e, logo, empossados, assunto superado.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não gosto que me enganem...

O famoso bordão "Me engana que eu gosto", tema da MPB na voz do sambista Zeca Pagodinho, cabe como uma luva a muitas situações. É aquele sintoma, desde sempre conhecido, em que o sujeito, por pura acomodação, vai se ajustando a conveniências, comprando meias verdades...

"O pior cego é aquele que não quer ver?". É um outro bordão, sem ponto de interrogação... e com rima muito pobre... rrrrrrrrrrsssssssss

Basta um clique na wikipedia, basta um bom livro de história ou, mesmo, um pouco de memória e a luz de muitas verdades desponta. Mas, quem se importa com os fatos quando a luz que refulge é a da propaganda enganosa, vendendo ilusões, exibindo  números que atestam um desempenho desmentido pela realidade?

O que importa? Um crédito fácil proporcionando a aquisição de bens duráveis, inclusive automóveis entulhando e poluindo? Saneamento, saúde, educação básica, transporte coletivo e segurança pública seriam bens secundários?

O governo anterior, reponsável pela estabilização econômica, é sistematicamente acusado pelo Governo Lula pelos baixos investimentos em diversos setores. Essa afirmação é da mais absoluta má fé. "Investimento público" não combina com inflação galopante. Ou combina?

Talvez tenhamos que enxergar tudo invertido para crer que não se pôde investir, ao longo dos oito anos do Governo Lula, nesses setores mais críticos, verdadeiramente capazes de trazer bem estar coletivo... E aplaudir esse desempenho mediocre. Não foi possível, apesar dos números favoráveis da Economia?

Crescimento do PIB com saúde, transporte público e ensino público decadente...

Então, os que vivem de ilusão, adoram uma pregação, curtem um bom transe hipnótico,  façam bom proveito. Mas lembrem-se de que, se a questão é sair da realidade, um bom porre prejudica menos que uma fé cega em qualquer "salvador" de plantão.

E que Deus nos ajude e nos livre dos maus pregadores, dos marqueteiros, dos estelionatários e de todos esses cínicos, que mentem, audaciosamente, sob a luz dos refletores, tão certos, estão, da complacência do povo.

E, depois, ainda há os que reclamam dos candidatos de discurso único: educação e informação são remédios perfeitos para curar essa cegueira demente e resgatar a saúde dessa multidão de iludidos e despoluir e descontaminar o meio ambiente afetado pelo mau caratismo dos candidatos que sequer tem bandeira... E ainda se orgulham disso!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

No meu tempo, no seu tempo...

As pessoas que, como eu, tem no currículo algumas décadas, frequentemente, iniciam diálogos com a frase "No meu tempo...", enquanto aludem ao que seriam as desvantagens dos dias presentes. E essas desvantagens, quase sempre, estão situadas no campo da moral e da ética.

Além de testemunha dos famosos "bons tempos", todos os que estudaram um pouco mais sabem que a realidade sempre foi dura para os mais pobres, para os mais fracos e para as minorias.

Se não rejeitaram todo o conteúdo de História do Brasil e de História Geral, ministrados no extinto Curso Primário e Ginasial, souberam que a ausência de direitos era a regra, que a tortura era uma prática, que a escravidão era normal já que categorias inteiras de criaturas, tidas por inferiores, ou perdedoras, eram subjugadas pelas nações e grupos mais fortes.

Os que lêem a bíblia sabem que a nação de Israel foi escravizada, ao longo da história, por diversos povos. Mas, dentre esses, a maioria enxerga a questão apenas em sua dimensão religiosa e sequer imagina que a escravidão era uma prática comum, um dos frutos da crueldade humana. Quando assistem, na TV,  notícias sobre o combate ao trabalho escravo,  sobre o tráfico de mulheres e de seres humanos em geral, provavelmente se espantam atribuindo esse fato a sintoma de uma doença do mundo moderno.

As atrocidades cometidas, no presente, em nome de religiões não superam às práticas passadas, em covardia, crueldade e dimensão. Basta lembrar a dizimação da cultura indigena e africana, imposta pela Igreja Católica no continente sul americano. Ou as fogueiras da inquisição, na Idade Média. Ou a prática da lapidação e da crucificação, que muitos ignoram  mas era um castigo corriqueiro.

E o assassinato em família? Era comum. Hoje, quando o noticiário nos defronta com filhos que  matam pais ou irmãos, ou a família toda, por herança, nos escandalizamos. E não é para menos. Mas é um erro acreditar que esse é um mal do mundo moderno. Muito pelo contrário, era um crime frequente em famílias em que se disputava o poder de governar.

E quanto ao mundo da política? Pobres e mulheres não votavam. O voto era restrito a homens que comprovassem uma certa renda.

E há muitos mais. Hoje, é possível buscar a verdade. Só permanece na ignorância quem se habituou a se limitar, acreditando em falsidades e em meias verdades, quando basta um click para descobrir e um pequeno esforço de raciocínio para avaliar as descobertas comparando-as às "revelações" de púlpitos e de palanques. Mesmo aqueles que "fugiram" da escola, ou que não tiveram acesso a ela, têm instrumentos formidáveis de informação à sua disposição. E, ainda que a escola seja "conservadora e limitante", é um bom ponto de partida para quem almeja pensar de forma mais independente, evitando rótulos e clichês.

domingo, 29 de agosto de 2010

Mulheres, homens... gays ou héteros...Seres humanos!

Os tempos mudam, os clichês e chavões pelos quais muitas pessoas se norteiam, também mudam.Ou seja, não nos desvencilhamos dos clichês, apenas os substituímos.

Portanto, não se pode contar com uma mudança de atitude, onde passemos a reconhecer e a rejeitar certos padrões de pensamento. E que padrões! Limitadores porque imobilizam, impedem o pensamento de fluir com liberdade, freiam a marcha do progresso, se opõem, até, à ciência.

Não vai longe o tempo em que "pérolas de sabedoria" desfilavam na boca de muita gente tida por intelectual: "Ecologia é coisa de viado", "lugar de mulher é na cozinha", "um homem não se senta no banco do carona em carro dirigido por mulher", "um filho gay ou uma filha solteira grávida, não podem partilhar a vida da família"...

Por causa desses padrões, solidamente plantados, considerável parcela da humanidade foi mantida em exclusão, não teve chance de contribuir com os talentos mais típicos de sua experiência e condição.

No século passado, quando a mulher começava a ter acesso às universidades e ao mercado de trabalho, era rotineiro se ouvir que não eram aptas para as áreas ligadas às ciências exatas, que mulheres não eram dotadas de raciocínio matemático: seres essencialmente maternais, deveriam buscar áreas de acordo com esse perfil.

Disseminando-se esse tipo de crença, restringia-se o acesso das mulheres a cursos que não fossem os de enfermagem, serviço social e magistério. E quando uma mulher ousava discordar desse molde, dessa espécie de forma, era logo rotulada, de rebelde, sapatão ... E, quando bem sucedida no trabalho, sempre levantaria suspeitas quanto à sua conduta sexual: será que dormiu com o patrão?

Preconceitos semelhantes são impostos aos que tem conduta sexual diferenciada e, historicamente, gays tem sido compelidos ao exercício de atividades tidas por femininas: na área de estética, artes, decoração, moda... Interessante é que somos, todos, levados a acreditar que gays devam se circunscrever a esse nicho, porque eles são como as mulheres, sensíveis... E a palavra "sensibilidade", nesse contexto, é sempre empregada de forma pejorativa.

Quando é que vamos procurar pensar com mais liberdade? O mais provável é que gays, assim como as mulheres, exercendo profissões fora desses nichos, vão desempenhá-las com o mesmo sucesso que os homens hetero, bastando que se lhes dê a chance de serem tratados como seres humanos que são, independentemente de sua inclinação sexual.

Já se nota, hoje, que algumas construtoras dão preferência à contratação de mulheres porque elas são mais caprichosas, mais detalhistas. Mas, há pouco menos de 30 anos, quem apostaria na presença de mulheres em canteiros de obras?

E os gays? Os que assumem publicamente a condição, continuam excluídos, marcando presença nos mesmos setores...

É interessante notar que a questão sexual, a par das religiões praticadas no mundo, mal compreendida e transformada em tabus de toda a sorte, é o pano de fundo de todo o atraso, de todas as limitações e atos de crueldade praticados contra tantos inocentes, por aqueles que se acreditam investidos de autoridade para impor um falso padrão moral: não raro, aqueles que perseguem e maltratam seus semelhantes é que são os portadores de desvios no comportamento sexual! Trata-se, na verdade, de um "padrão moral" ditado por recalques e desvios que poderiam ser curados com uma boa terapia.

Ou seja, doente é quem persegue o próximo cerceando a sua liberdade e oprimindo-o, subtraindo-lhe oportunidades de educação e de trabalho.

sábado, 28 de agosto de 2010

Maturidade e flexibilidade

Um cabelo branco aqui, outro ali, umas rugas, uns sulcos... Maturidade chegando, alguns privilégios, muitos estereótipos, muito preconceito a ser enfrentado. É que pessoas jovens, que pena, se apegam a algumas ideias com pouquíssima reflexão.E não é de agora e nem se pode culpar a atual geração de jovens. Na verdade, crenças vão sendo transmitidas, de pais para filhos; e, tão logo esses filhos se tornem adultos, se portarão, frente à geração de seus pais, com igual carga de preconceitos. 

Eu me lembro que, na década de 80, quando decidi voltar à Faculdade, um dos professores indagou a idade de todos os alunos e há quanto tempo estavam longe dos estudos. Ao ouvir-me, sentenciou: você terá que se esforçar muito... Não é para te desanimar, não... mas...

Imagina se eu me desanimaria com tamanha sandice... E eu nem  havia completado os 40.

Mais tarde, já em pleno século 21, quando me candidatei a uma vaga em uma grande empresa de telecomunicações, ouvi: vai ser difícil, a empresa não contrata maiores de 50. Difícil, seria qualquer dos concorrentes, menores de 30, conhecerem tudo o que eu sabia, e sei, sobre a minha área. Por isso, fui selecionada.

Aos sessenta, de volta ao mercado, percebo a desconfiança e, paradoxalmente, a confiança que desperto. Se, por um lado, a tendência é acreditar que alguém com 30 anos de experiência vá superar as expectativas, por outro lado, há os que se permitem duvidar de quem traz as marcas do tempo no rosto, como se todo o nosso conhecimento estivesse superado, desatualizado... ou seja, teríamos passado uma parte da vida encerrados em uma espécie de cápsula do tempo, a margem dos acontecimentos! Pura tolice, puro preconceito contra os mais velhos.

Um indivíduo jovem pode estar totalmente desatualizado caso viva isolado dos acontecimentos, caso não tenha interesse suficiente pela própria profissão, caso não tenha compromisso com o próprio trabalho.

O que eu acho quase cômico é que noto, nas entrelinhas e nos entreolhares, a incredulidade dos que me ouvem referir legislação com idade superior a 40 anos. É a ignorância de adultos jovens frente à legislação que, por dever de ofício, deveriam conhecer e aplicar. E, também, a falta de cultura geral pois quando se trata do Direito, uma pessoa razoavelmente bem informada jamais faria esse tipo de associação, inferindo que alguém com mais de 60 cita normas antigas por desconhecer normas atuais.

No Direito, quanto melhor a norma, por mais tempo se manterá. Mas os ignorantes, provavelmente, desconhecem esse princípio,  não sabem que a constituição inglesa e a americana são centenárias; e que o nosso código penal data de 1940! Não sabem que a sucessão de leis e de medidas provisórias resulta, não de um imperativo ditado pela necessidade de modernizar, mas da falta de habilidade em construir normas flexíveis que atravessem o tempo se ajustando  a novas realidades.

Pessoas que não se educam, velhos ou jovens, se refugiam nos preconceitos herdados. E a educação institucional, infelizmente, contribui para sedimentar preconceitos já que não trabalha para demovê-los ou sequer os identifica. Fazer o quê? O jeito é se armar de paciência, paciência que só a maturidade confere. E torcer por uma melhor educação.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cada povo tem o governo que merece: é a lei da atração funcionando ...

Algumas pessoas parecem dotadas de habilidade especial  para identificar e explorar as fraquezas humanas. Assim, o portador de baixa auto-estima, ou seja,  aquele cara que está sempre pronto a vestir qualquer carapuça, sempre morto de medo de desagradar... é justamente esse sujeito a vítima potencial de qualquer intimidador/assediador.

E o assediado sempre se perguntará "por que eu", tão gentil, tão pronto a servir, tão cumpridor das minhas obrigações... É que o explorador tem uma espécie de faro ultrasensível às emanações de uma certa dose de pusilanimidade presente no assediado. A pusilaminidade, seja qual for a justificativa (pressão financeira, medo de perder o emprego, o marido, o amigo), ainda terá o mesmo significado: medo. O medo e a baixa auto-estima converte-nos em refém dessas inteligências tão odiosamente perspicazes.

Inteligências perspicazes são responsáveis, também, por aplicar os velhos golpes conhecidos popularmente como "conto do vigário"; ou, modernamente, estelionato. E continuam a fazer vítimas, apesar dos ardís tão manjados.

E todos sabemos porquê. Apesar da repetição do método, que consiste, simplesmente, em convencer a vítima potencial de que acaba de encontrar a sorte grande, de fazê-la acreditar que o negócio é vantajoso com pouco esforço... E a simbiose se estabelece entre aquele que, de fato, levará vantagem e aquele que pensa que lucrará às custas de suposta vulnerabilidade do  vigarista.

Digamos que, praticamente, fazemos por merecer certas situações.

Assim, também, na política. Então, quando se diz que "cada povo tem o governo que merece", nada mas correto: um povo pronto para relevar a corrupção, tem um desfile de fichas-suja no horário eleitoral.

Felizmente, esses males do caráter admitem tratamento preventivo: a educação de qualidade é excelente antídoto.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fiéis ou eleitores?

Toda unanimidade é burrra. A afirmação é discutível pois a discórdia também pode ser manifestação de burrrice.

Mal iniciado o horário político e as pesquisas já anunciam que a eleição será decidida no 1º turno. Aí está uma situação em que, não fosse a quase unanimadade em torno do atual Presidente, teríamos o debate de idéias discordantes, não necessariamente sintoma de burrice.

Essa unanimidade, quando sofremos na própria pele os resultados da má gestão em saúde, educação, segurança e transporte, não é, exatamente, sinal de inteligência mas de uma enorme preguiça.

Parece que a sociedade se comporta como uma platéia de fiéis, sedenta por crer, por depositar aos pés de um ídolo todas as suas expectativas. Até a oposição se "converteu" e colabora com essa espécie de igreja lulista. Triste de assistir. Arrisco um diagnóstico: é um sintoma dessa doença que grassa entre nós,  onde muitos esperam obter emprego, prosperidade, saúde como benesse, trocando favores com o Altíssimo. Ofendem a Deus, ofendem a si mesmos e ainda esperam alcançar a vida eterna.

A educação, profilática, é capaz de prevenir essa doença.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eu tenho certeza! E você, se acha?

Hoje pela manhã, tentei escandalizar o meu colega de trabalho abusando da sinceridade: Eu não me acho, eu tenho certeza.

Um mínimo de autoconfiança e de autoestima  é necessário para levar adiante qualquer empreitada. Autoconfiança e autoestima não estão disponíveis em pacotes oferecidos pelas academias que tentam vender saúde; ou nos enxertos de silicone disponíveis em consultórios de cirurgiões comprometidos com metas elevadas de faturamento.

Siliconados e malhados se acham, apenas se acham. E que me perdoem pela generalização, trata-se de um recurso literário para conferir força ao texto. Mas, que se acham, se acham.

Pessoas que se acham  costumam ser arrogantes, um poço de empáfias, vestem-se de vaidades e de artificialidades e parecem acreditar que é bonito ser feio! Feio, sim. Nada mais rídiculo, na face da terra, do que a pessoa que se acha. Apesar de suas vestes de marca, seus carros de luxo... São, quase sempre, patéticas.

Quem tem certeza, tem, também simplicidade e humildade. Dispensa discursos vazios e nariz empinado. A certeza é construída, conquistada, pelo empenho, pela dedicação com que se vai à luta na realização das próprias obrigações, seja qual for o ofício. A certeza passa pela boa educação e não admite falsas modéstias. Se eu sei, preciso demonstrar fazendo o melhor que posso, sem submissão aos "siliconados" e "malhados". Para esses, quem tem certeza reserva uma boa dose de misericórdia e de paciência.

Quem tem certeza, precisa liderar, não pode se submeter à arrogância dos ignorantes a pretexto de ser humilde.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Políticos mentirosos são psicopatas

Quando a cabeça não pensa o corpo padece...O dito popular, de sabedoria inquestionável, é pouco aplicado.

O que extrapola o âmbito físico, visível, palpável, costuma ser tratado com menosprezo... No entanto, é justamente esse universo invisível que permeia todo o nosso cotidiano, tudo o que realizamos. As emoções e os pensamentos são ditadores que decidem, à nossa revelia, quanto mais os ignoremos.

Um assassinato, ou genocídio, começa em um sentimento de insatisfação que martela o pensamento do futuro assassino, dia após dia. Grandes realizações, igualmente, nascem de um sentimento de um único indivíduo que persiste até materializar seu plano.

Então, deveríamos dar atenção ao que somos, efetivamente, não somente ao que parecemos ser. No entanto, podemos admitir que o cidadão comum, levado pelo imperativo de satisfazer necessidades básicas, não perca tempo em auto-críticas e auto-conhecimento. Mas, no âmbito dos governos, em que a meta é atender a coletividade, o imperativo é que se busque lidar com o imponderável para identificar, a tempo, cidadãos que, do alto de seus postos públicos, ditam regras de conduta para os demais, apesar de manifesto comportamento incompatível com o convívio social.

E o cidadão, desamparado, incrédulo, assiste o espetáculo da degradação dessas criaturas, desses arremedos de políticos, desses pseudo-dirigentes revestidos de todo o poder, usufruindo ampla imunidade... Nos remetem aos dias passados em que o imperador romano, Calígula, nomeou um cavalo como Senador.

No dias presentes, questionamos os laudos psiquiátricos que colocam assassinos em liberdade... E quanto aos que saqueiam os cofres públlicos e inviabilizam a efetividade de ações dirigidas ao bem estar coletivo? Quem atesta a capacidade mental desses criminosos, verdadeiros psicopatas que fingem, maquinam na maior naturalidade? Seriam, mentalmente, mais capazes que o cavalo de Calígula?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

"Tudo me é lícito mas nem tudo me convém..."

Há dois anos não posto neste espaço. Muitos impedimentos acabaram me tornando pirracenta: ah, é assim? Tá difícil? Tô desistindo e não estou enfurecida, não vou me aborrecer, não vou reclamar da falta de tempo.

Falta de assunto? Nunca. Mas, se escrevemos por prazer, há, também, a esperança de compartilhar. Terei leitores nesse universo de milhares e milhares? Tantas pessoas escrevem, melhor e de forma mais completa, sobre o tema que escolhi...

E, enquanto pirraço e divago, os dias e semanas viajam, velozmente, e lá se vão dois anos de ausência. Os amigos que me privilegiavam com sua atenção, devem ter imaginado: adoeceu, viajou para o outro plano(morreu)?

Gosto dos temas ligados à espiritualidade, à educação; creio no poder da mente sobre o corpo e do espírito sobre a mente, creio na existência de um Plano Divino que rege a vida para o qual todos despertaremos, quanto antes melhor. Quanto antes melhor? Então, façamos uma pequena, humilde parte, testemunhando a favor de ideais mais humanos, mais próximos das Verdades Eternas, especialmente, em momento de campanha eleitoral, quando temos o desprazer de assistir o cinismo dos políticos à solta, afirmando inocência quando se sabem culpados.

Tomemos cuidado pois há uma doença contagiosa se propagando, perigosamente: apregoam-se mentiras deslavadas e usam como desculpa a defesa do bem estar do povo. Ou seja, mentir, trapacear, desviar recursos públicos, pode ser aceitável quando se busca um fim justo?