sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Um universitário vale oito vezes mais que um estudante de 1º grau

Estive na clínica da Faculdade onde a minha filha cursa Odontologia. Olhando pelas portas semi-abertas dos consultórios, diviso salões com dezenas de boxes, devidamente equipados para proporcionar, ao aluno, a atividade ensino-aprendizagem e, ao paciente, o atendimento.

Quanto teriam custado aquelas instalações? Quanto custariam os serviços de manutenção dos equipamentos e de limpeza dos ambientes que permitem o pleno funcionamento? O preço da mensalidade, eu sei: R$1.500,00.

São centenas de universidades públicas, pelo Brasil afora, muitas com faculdades de Odontologia. Não vejo sentido nesse nosso modelo que investe tanto na educação superior, naturalmente mais cara, enquanto o ensino fundamental, obrigatório para todos os brasileiros, é tão carente de boas instalações, de recursos didáticos atrativos, de mais horas em atividades extra-classe.

O Brasil gasta cerca de R$2.488 por estudante, segundo estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico; é o que menos gasta, entre 34 países; e gasta mal, R$ 17.000 por estudante universitário e R$2.213 por estudante primário, o que representa uma distorção inexplicável, mas que dá bem a medida do elitismo imbecil que permeia a nossa cultura. É o único país em que essa distância de custos, entre os dois níveis de ensino, se mostra tão violenta.

O que seria mais importante para o país? Formar dentistas e médicos (médicos e dentistas que me perdoem) em universidades públicas ou manter as crianças em boas escolas, em turnos mais longos, longe dos apelos do mundo do crime e da violência?

Sem educação de qualidade, resta investir em presídios de segurança máxima. E em muitos hospitais. Afinal quem se tornaria capaz de prover cuidados a si mesmo se não receber a informação adequada ministrada por mestres bem preparados?