quarta-feira, 21 de junho de 2006

CORRUPÇÃO: UMA DOENÇA SEM DIAGNÓSTICO

Do mesmo modo que a obesidade espelha a incontrolável voracidade por alimentos, assim também a corrupção espelha a ambição incontrolável, o desejo de acumular fortunas dissociado de qualquer objetivo racional; a não ser o prazer de reter somas fantásticas em paraísos fiscais, de possuir ricas e imensas residências, em vários países, que sequer serão usufruídas permanecendo desertas de vida, assemelhando-se aos jazigos de luxo que lotam as áreas ricas dos cemitérios...de desfilar, cabeça aos pés, artigos de griffe, assinados por estilistas famosos...

Talvez seja, a corrupção, o pior dos sintomas da ausência de saúde, porque seus efeitos são tão devastadores quanto os da pior epidemia. Seus portadores, se não chegam a propagar a doença por contágio, produzem danos em progressão geométrica, matando a esperança e usurpando o direito daqueles que, diariamente, recorrem a serviços essenciais do estado. Dinheiro da saúde, dinheiro da educação, dinheiro para fomentar o crescimento econômico... Não importa, o corrupto é cego e surdo a qualquer apelo da consciência.

Pena que a Medicina não venha, ainda, desenvolvendo estudos para combater esse mal e que, sequer, se disponha a diagnosticá-lo para, ao menos, isolar seus portadores.

Que a Misericórdia Divina se estenda sobre todos nós.

Luz para todos!

terça-feira, 20 de junho de 2006

A PENA DOS ROMANOS E O BISTURI DO CIRURGIÃO

Lembro-me do quanto me horrorizei quando, ainda na escola de 1º grau estudando Historia Antiga, soube que os romanos portavam uma pena que usavam, de banquete em banquete, para provocar vômitos. Precisavam “desocupar espaço” para “honrar” os muitos convites recebidos. Já na década de 90, quando o chenical, aquele remédio que provoca diarréia, virou febre como método milagroso de emagrecimento, de imediato enxerguei a conexão com a pena dos antigos romanos: come-se além do necessário e depois ...

Um dia desses, a atriz e escritora Maitê Proença, em sua crônica semanal na revista “Época”, abordou corajosamente uma tema para lá de escatológico: o volume de esgoto matinal, no momento em que todos, ou pelo menos muitos, logo após a 1ª refeição, vão atender às “necessidades fisiológicas”. E ela, moradora do Rio de Janeiro, em plena Avenida Atlântica, se pôs a externar sua preocupação com o volume de dejetos lançados diariamente à Baia de Guanabara.

É fácil entender e compartilhar das preocupações da Maitê. Mas poderíamos reduzir drasticamente o volume de lixo, inclusive o de esgoto, que produzimos se disciplinássemos os nossos hábitos de consumo, inclusive a ingestão de alimentos. A verdade é que comemos muito mais do que aquilo de que necessitamos. Nossos exames de rotina, revelando altas taxas disto e daquilo outro, em nosso sangue, deixam evidente esses nossos hábitos nem um pouco civilizados. Se comêssemos somente o necessário, é possível que não houvesse fome para 1/3 da humanidade.

Quando, ao final da Idade Antiga, o Império Romano entrou em declínio suas terras passaram a ser invadidas por hordas de ...., de.... Bem, os romanos, orgulhosos de si e de seu vasto domínio, chamaram os invasores de bárbaros (ou estrangeiros).
Como eram hordas de povos primitivos, muito atrasados em relação à cultura romana, com o passar do tempo passou-se a utilizar o vocábulo “bárbaro” para designar o atraso, a falta de cultura.

Conclusão: Se é assim, somos todos bárbaros, inclusive os romanos, com esses hábitos primitivos, quase animalescos, ingerindo doses cavalares de açúcar, de carboidratos, de proteínas, de gordura... engendrando o surgimento do exército de obesos em contraposição ao exército de famintos.

E qual o remédio apontado para o mal da obesidade, agora em pleno século XXI:

a cirurgia de redução de estômago, que não passa da repetição do mesmo gesto de mais de 2000 anos atrás, agora muito mais sofisticado embora muito mais violento, de levar à garganta, a pena para induzir o vômito.

E onde está Educação? Onde está a Saúde?

A saúde vem de uma generosa e educada alma. E que Deus tenha piedade de todos nós!

segunda-feira, 19 de junho de 2006

VIOLÊNCIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE

No último final de semana, na Revista semanal do Jornal “O Globo” de 18/06/2006, uma entrevista do psicanalista gaúcho José Outeiral, aborda o tema violência. Ele conclui que a solução é a escola e que os professores devem ajudar crianças e adolescentes a construir a auto-estima para evitar que a construam falsamente pela droga e pela violência: “A escola e a saída para desenvolverem a capacidade de pensar, de sonhar e buscar modelos saudáveis”.

A educação é o alimento essencial na construção da personalidade humana e, também, na construção da saúde física e mental. Mas, infelizmente, parece não existir uma consciência quanto a essa realidade. E não se trata somente de ações na esfera governamental, mas das convicções de cada um de nós.

As estatísticas, inclusive, já revelaram que as crianças cujas mães têm escolaridade mais alta, são mais saudáveis. É obvio que a mãe, de posse de informações sobre nutrição e higiene, torna-se mais capaz, mais preparada para exercer o seu papel.

Entretanto, não existe integração institucional entre saúde e educação embora essa integração seja intrínseca.

A medicina tradicional, da maneira que ainda hoje é praticada, não estabelece o tipo de relação com o paciente em que este seja um receptor de informações, em que deva aprender alguma coisa sobre si mesmo, sobre sua saúde, tanto a física como a mental.

Mas, quando se trata das chamadas terapias complementares, ou alternativas, a história é outra. O indivíduo não é exatamente um “paciente”, mas um sujeito ativo no processo de tratamento. Na Acupuntura, por exemplo, deve responder a um extenso questionário onde é levado a refletir sobre si mesmo, sobre seus hábitos, gostos, temperamento: sente-se melhor no frio ou no calor, é reservado ou expansivo, aprecia o mar ou as montanhas, etc. Na terapia com florais, precisará refletir sobre seus estados emocionais.
Na terapia com cores e aromas, reconhecerá sua identificação com cheiros e tonalidades e aprenderá a perceber a influência que estes exercem sobre si.

Não importa se muitos não acreditam no impacto dos cheiros, cores e luz sobre o nosso humor e saúde; por que de fato impactam. Se passarmos nossos dias encerrados em ambiente cinza e azul, logo ficaremos sem ânimo, depressivos ainda que não sejamos capazes de identificar as causas.

Mas o quanto a escola nos ensina sobre nós mesmos? Aprendemos Geografia, História, Português...e ainda bem que a Filosofia está de volta.

Então, que se concretize a proposta do Dr. José Outeiral, que a escola salve os nossos jovens, e também a nós, porque é nessa dimensão que precisamos ser reconhecidos: “de pensar, sonhar, de buscar modelos saudáveis”.

domingo, 18 de junho de 2006

A AUTO-OBSERVAÇÃO E A SAÚDE

Aprendi, desde cedo que a saúde está muito além do corpo. Aprendi, também que a saúde é uma questão de educação e de informação. Aliás, a sabedoria dos mais velhos ensina com total acerto: "Quando a cabeça não pensa o corpo padece".
Mas a Medicina ainda não acordou completamente para esses aspectos e somos tratados, em total desrespeito à nossa real natureza, como partes, pedaços com vida própria: coração, pulmão, rim, olhos, ouvidos, nariz e garganta... Coitados de nós, que somos confundidos com nossas vísceras! Coitados de nossos médicos, heróis que conseguem salvar vidas apesar das limitações severas impostas por esses conceitos equivocados.
A cabeça precisa funcionar, precisamos saber pensar sobre nós mesmos, sobre o que sentimos...e até saber avaliar a necessidade de consultar o profissional de saúde. Temos indisposições passageiras, muitas vezes associadas a algum exagero ou inadequação alimentar que poderíamos corrigir com a prática de auto-observação. Mas somos condicionados à total dependência da avaliação de outrem.
Lembro-me que, há cerca de 20 anos, quando o jeans de laycra super justo era o auge da moda, passei a sentir insuportáveis dores nas pernas. E eu associava o jeans ao sapato de plástico e essa combinação bastante perversa era a causa do meu desconforto. Cheguei a consultar um especialista e a fazer exames mas logo a "ficha caiu"; foi só substituir o vestuário e o calçado.
E pronto, a saúde estava de volta.