terça-feira, 31 de outubro de 2006

Auto-estima e auto-respeito

Leio, vez por outra, que fiéis vão à Justiça cobrar indenização de igrejas a quem entregaram seus bens em troca de prosperidade garantida. Onde estava a auto-estima dessas pessoas que assim procederam? Não tinham ideais, projetos a realizar, não se julgaram capazes de colher resultados a partir da concretização de seus próprios planos. Acho bastante estranho; por que, ao que indicam os fatos, não se trataria de doentes que foram buscar a cura, ou de desempregados na expectativa de reingressar no mercado de trabalho mas, sim, de pessoas que desfrutavam de algum nível de conforto material já que dispunham de bens para doar.

Será que essas pessoas, ao assim proceder, estariam pensando em encurtar o caminho até seus objetivos, em levar vantagem?

segunda-feira, 17 de julho de 2006

AUTISTAS TRABALHANDO NA “SAÚDE”

No “O Globo” deste final de semana, uma reportagem sobre a omissão do Estado junto aos autistas e seus familiares causa revolta e perplexidade. Os serviços públicos de saúde não atendem esses brasileiros. Uma das mães, uma doméstica, largou o emprego e passou a viver nas ruas com o filho doente. Foi socorrida por uma advogada e agora luta na Justiça para garantir o tratamento do filho. Na ausência de tratamento, os autistas têm crises freqüentes. Percebem como modificação em suas rotinas a introdução de qualquer elemento novo em seu ambiente que os leva a quebrar objetos e a agredir familiares.

Aí eu me pergunto onde está o profissionalismo, e também o sentimento, do pessoal de saúde que rejeitou atendimento a essa e a outras mães em idêntica situação. Médicos, enfermeiros, gerentes, diretores de unidades de saúde que, necessariamente, têm tomado conhecimento desses fatos... Nada fizeram! Por que tamanho pouco caso diante de tanto sofrimento? Essas pessoas poderiam tentar encaminhar a questão aos seus superiores, provocar a discussão, denunciar ao Conselho Federal de Medicina, ao Ministério Público...

Por que esse silêncio? Receberam longa formação, fazem parte de uma camada privilegiada que muito recebeu da vida, têm obrigação de retribuir, quanto mais se são profissionais diretamente em contato com esse drama.

Eles, sim, são os autistas, encerrados em seu mundo particular, rejeitando quaisquer alterações em suas rotinas, omitindo-se, talvez por covardia; para não por em risco posições conquistadas, não se insurgem, não denunciam, cumprem ordens cegamente. Seria esta a explicação?

segunda-feira, 3 de julho de 2006

QUEM SOU? POR QUE SINTO O QUE SINTO?

Quem de nós, principalmente mulheres, nunca gastou seu tempo para responder testes em revistas que se propõem a ajudar os leitores a se “enquadrar” em determinado tipo de personalidade?

E há testes variados, originários de correntes diversas, cujos critérios agrupam os seres humanos em distintas categorias: a “sensorial” que detecta três tipos, o “auditivo”, o “visual” e o “cinestésico”; o tipo Yin e yang da filosofia chinesa (energia feminina e energia masculina); as categorias da medicina ayurvédica que agrupa segundo os biótipos; a classificação que considera os tipos de humor, “colérico”, “sanguíneo”, “fleumático” e “melancólico”; Há, ainda, os doze tipos da Astrologia, que agrupa segundo a conjunção astral no momento do nascimento e os 12 tipos identificados pela Terapia Floral, criada pelo médico austríaco, Edward Bach.

Também a Psicologia tem classificações de personalidade segundo determinadas características identificáveis no comportamento humano. A mais conhecida de nós leigos, talvez seja a que identifica 8 (oito) tipos de inteligência: inteligência verbal, matemática, espacial, musical, interpessoal, intrapessoal, cinestésica e naturalista.

Com exceção da teoria psicológica da inteligência, as demais contemplam os diversos tipos identificados como sinalizadores no tratamento de distúrbios, físicos e emocionais e por isto são amplamente adotadas pelos chamados “Terapeutas Holísiticos”.

Quem faz os testes propostos, ou quem consulta um desses terapeutas, é levado a mergulhar em si mesmo.

Por isto, ainda que a ciência e seus intelectuais tratem o assunto com desprezo, as pessoas apreciam os resultados. Por que, além de tudo, encontram um meio de tomar posse de si, com reflexão e responsabilidade.

Quem eu sou? Por que me sinto assim? São as perguntas básicas daqueles que buscam essas formas de tratamento. Talvez por isto os livros de auto-ajuda vendam tanto.

Além da pura alienação dos que esperam conquistar sucesso por meios mágicos oferecidos nesse tipo de literatura, está o desejo íntimo de mudança real, aquele tipo de mudança que não pode ser proporcionado por um anti-depressivo, por uma cirurgia plástica ou por um comprimido ingerido para aliviar uma insistente dor cabeça.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

O FUNDAMENTALISMO DO CORPO

A matéria de capa da revista VEJA desta semana, “O real Poder do Cérebro Sobre a Saúde”, apesar do que denota o título, revela o quanto ainda estamos distantes de contemplar a realidade sobre nós mesmos.

Segundo a reportagem, seria um erro atribuir todos os males a origens não físicas. E cita Susan Sontag, a escritora que, vítima de câncer e inconformada com a teoria que, de certa forma, transfere para o paciente a responsabilidade pela doença, dedicou-se a pesquisar o assunto. Como fruto da pesquisa publicou o livro “A Doença como Metáfora” em que denuncia o “fundamentalismo psicológico”

Efetivamente, qualquer fundamentalismo representará sempre um perigo para a saúde. É fácil imaginar pessoas “doentes” de mesquinhez erguendo o dedo acusador para o semelhante, apontando-lhes as falhas de caráter refletidas em seu corpo físico como doenças diversas. Faz lembrar passagem bíblica em que Jesus é interrogado sobre um doente que buscava a cura: "Quem pecou, foi ele ou seus pais?"

Esse fundamentalismo, inclusive, se avizinharia do uso que se tentou fazer da Fisiognomia, ramo de conhecimento que pretende decifrar o caráter das pessoas a partir dos traços fisionômicos e que muito serviu aos propósitos do Nazismo; e que poderá ser útil a qualquer corrente que busque estigmatizar categorias de seres humanos.

Mas o fato é, que tanto a medicina tradicional chinesa como a indiana, buscam os caracteres físicos para, também, agrupar pessoas segundo categorias. Mas não para estigmatizar e sim para melhor tratar, segundo as peculiaridades emocionais de cada grupo.

Então, concordar com a visão proposta pela referida reportagem, que na verdade, retrata o conflito entre a Medicina e a Psicologia, seria um equívoco, seria aceitar o FUNDAMENTALISMO DO CORPO.

O cérebro seria, então, o todo poderoso? Acredito que o poder esteja, de fato, muito além do cérebro físico.

terça-feira, 27 de junho de 2006

UM POUCO DE AUTONOMIA FAZ BEM À SAÚDE

Iniciei o meu primeiro post, neste Blog, com a palavra “aprendi”. E, até agora, aprendo, graças a Deus. Mas houve um começo nesse caminho que agora percorro, sempre buscando o máximo de independência em relação a tratamentos convencionais.

Dois de meus filhos eram alérgicos e tratados pelos respectivos médicos com conticoides. Um deles, ainda em seus cinco anos de idade, um dia me disse: mãe, estou com uma moleza, uma tristeza... Eram os efeitos colaterais de um medicamento chamado “aerolin”. Observei, depois, que um outro, “aminofilina”, também desencadeava reações desagradáveis.

Primeira lição: anti-alérgicos não curam e sequer aliviam crises. Segunda lição: mesmo após me dar conta de que anti-alérgicos não curam e de que seus efeitos desagradáveis precisam ser suportados, apegava-me ao medicamento como a uma tábua de salvação.

A terceira lição foi bem mais agradável: um pouco de autonomia faz bem a saúde. Decidi abolir o medicamento (naquela época não havia espaço para diálogo com médicos) e passei a buscar métodos alternativos, inclusive chás caseiros, simpatias, oração, muita oração.

Comecei a ler, a me informar... Descobri que, sobretudo, é preciso ter muita coragem para lidar com doenças; não existe cura a qualquer preço. Por exemplo: insistir no uso de corticóides para aliviar sintomas pode significar a morte do paciente. Mas, naquela época (mais de 20 anos se passaram), nenhum pediatra me alertara para esse risco. Talvez porque houvesse, ainda, ignorância a respeito.

Muito tempo se passou até eu travar contato com literatura sobre terapias complementares que asseguram que os pacientes, por vezes, estão apegados a própria doença! E que é preciso respeitá-los! Li, também, teorias de fundo psicanalítico que apontam para o complexo de culpa como origem de muitos males físicos: o paciente busca a auto-punicão.

Se assim é, temos aí uma boa explicação para o mistério de doenças crônicas que torturam longamente seus portadores sem que o arsenal médico se mostre capaz de promover a cura.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

CORRUPÇÃO: UMA DOENÇA SEM DIAGNÓSTICO

Do mesmo modo que a obesidade espelha a incontrolável voracidade por alimentos, assim também a corrupção espelha a ambição incontrolável, o desejo de acumular fortunas dissociado de qualquer objetivo racional; a não ser o prazer de reter somas fantásticas em paraísos fiscais, de possuir ricas e imensas residências, em vários países, que sequer serão usufruídas permanecendo desertas de vida, assemelhando-se aos jazigos de luxo que lotam as áreas ricas dos cemitérios...de desfilar, cabeça aos pés, artigos de griffe, assinados por estilistas famosos...

Talvez seja, a corrupção, o pior dos sintomas da ausência de saúde, porque seus efeitos são tão devastadores quanto os da pior epidemia. Seus portadores, se não chegam a propagar a doença por contágio, produzem danos em progressão geométrica, matando a esperança e usurpando o direito daqueles que, diariamente, recorrem a serviços essenciais do estado. Dinheiro da saúde, dinheiro da educação, dinheiro para fomentar o crescimento econômico... Não importa, o corrupto é cego e surdo a qualquer apelo da consciência.

Pena que a Medicina não venha, ainda, desenvolvendo estudos para combater esse mal e que, sequer, se disponha a diagnosticá-lo para, ao menos, isolar seus portadores.

Que a Misericórdia Divina se estenda sobre todos nós.

Luz para todos!

terça-feira, 20 de junho de 2006

A PENA DOS ROMANOS E O BISTURI DO CIRURGIÃO

Lembro-me do quanto me horrorizei quando, ainda na escola de 1º grau estudando Historia Antiga, soube que os romanos portavam uma pena que usavam, de banquete em banquete, para provocar vômitos. Precisavam “desocupar espaço” para “honrar” os muitos convites recebidos. Já na década de 90, quando o chenical, aquele remédio que provoca diarréia, virou febre como método milagroso de emagrecimento, de imediato enxerguei a conexão com a pena dos antigos romanos: come-se além do necessário e depois ...

Um dia desses, a atriz e escritora Maitê Proença, em sua crônica semanal na revista “Época”, abordou corajosamente uma tema para lá de escatológico: o volume de esgoto matinal, no momento em que todos, ou pelo menos muitos, logo após a 1ª refeição, vão atender às “necessidades fisiológicas”. E ela, moradora do Rio de Janeiro, em plena Avenida Atlântica, se pôs a externar sua preocupação com o volume de dejetos lançados diariamente à Baia de Guanabara.

É fácil entender e compartilhar das preocupações da Maitê. Mas poderíamos reduzir drasticamente o volume de lixo, inclusive o de esgoto, que produzimos se disciplinássemos os nossos hábitos de consumo, inclusive a ingestão de alimentos. A verdade é que comemos muito mais do que aquilo de que necessitamos. Nossos exames de rotina, revelando altas taxas disto e daquilo outro, em nosso sangue, deixam evidente esses nossos hábitos nem um pouco civilizados. Se comêssemos somente o necessário, é possível que não houvesse fome para 1/3 da humanidade.

Quando, ao final da Idade Antiga, o Império Romano entrou em declínio suas terras passaram a ser invadidas por hordas de ...., de.... Bem, os romanos, orgulhosos de si e de seu vasto domínio, chamaram os invasores de bárbaros (ou estrangeiros).
Como eram hordas de povos primitivos, muito atrasados em relação à cultura romana, com o passar do tempo passou-se a utilizar o vocábulo “bárbaro” para designar o atraso, a falta de cultura.

Conclusão: Se é assim, somos todos bárbaros, inclusive os romanos, com esses hábitos primitivos, quase animalescos, ingerindo doses cavalares de açúcar, de carboidratos, de proteínas, de gordura... engendrando o surgimento do exército de obesos em contraposição ao exército de famintos.

E qual o remédio apontado para o mal da obesidade, agora em pleno século XXI:

a cirurgia de redução de estômago, que não passa da repetição do mesmo gesto de mais de 2000 anos atrás, agora muito mais sofisticado embora muito mais violento, de levar à garganta, a pena para induzir o vômito.

E onde está Educação? Onde está a Saúde?

A saúde vem de uma generosa e educada alma. E que Deus tenha piedade de todos nós!

segunda-feira, 19 de junho de 2006

VIOLÊNCIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE

No último final de semana, na Revista semanal do Jornal “O Globo” de 18/06/2006, uma entrevista do psicanalista gaúcho José Outeiral, aborda o tema violência. Ele conclui que a solução é a escola e que os professores devem ajudar crianças e adolescentes a construir a auto-estima para evitar que a construam falsamente pela droga e pela violência: “A escola e a saída para desenvolverem a capacidade de pensar, de sonhar e buscar modelos saudáveis”.

A educação é o alimento essencial na construção da personalidade humana e, também, na construção da saúde física e mental. Mas, infelizmente, parece não existir uma consciência quanto a essa realidade. E não se trata somente de ações na esfera governamental, mas das convicções de cada um de nós.

As estatísticas, inclusive, já revelaram que as crianças cujas mães têm escolaridade mais alta, são mais saudáveis. É obvio que a mãe, de posse de informações sobre nutrição e higiene, torna-se mais capaz, mais preparada para exercer o seu papel.

Entretanto, não existe integração institucional entre saúde e educação embora essa integração seja intrínseca.

A medicina tradicional, da maneira que ainda hoje é praticada, não estabelece o tipo de relação com o paciente em que este seja um receptor de informações, em que deva aprender alguma coisa sobre si mesmo, sobre sua saúde, tanto a física como a mental.

Mas, quando se trata das chamadas terapias complementares, ou alternativas, a história é outra. O indivíduo não é exatamente um “paciente”, mas um sujeito ativo no processo de tratamento. Na Acupuntura, por exemplo, deve responder a um extenso questionário onde é levado a refletir sobre si mesmo, sobre seus hábitos, gostos, temperamento: sente-se melhor no frio ou no calor, é reservado ou expansivo, aprecia o mar ou as montanhas, etc. Na terapia com florais, precisará refletir sobre seus estados emocionais.
Na terapia com cores e aromas, reconhecerá sua identificação com cheiros e tonalidades e aprenderá a perceber a influência que estes exercem sobre si.

Não importa se muitos não acreditam no impacto dos cheiros, cores e luz sobre o nosso humor e saúde; por que de fato impactam. Se passarmos nossos dias encerrados em ambiente cinza e azul, logo ficaremos sem ânimo, depressivos ainda que não sejamos capazes de identificar as causas.

Mas o quanto a escola nos ensina sobre nós mesmos? Aprendemos Geografia, História, Português...e ainda bem que a Filosofia está de volta.

Então, que se concretize a proposta do Dr. José Outeiral, que a escola salve os nossos jovens, e também a nós, porque é nessa dimensão que precisamos ser reconhecidos: “de pensar, sonhar, de buscar modelos saudáveis”.

domingo, 18 de junho de 2006

A AUTO-OBSERVAÇÃO E A SAÚDE

Aprendi, desde cedo que a saúde está muito além do corpo. Aprendi, também que a saúde é uma questão de educação e de informação. Aliás, a sabedoria dos mais velhos ensina com total acerto: "Quando a cabeça não pensa o corpo padece".
Mas a Medicina ainda não acordou completamente para esses aspectos e somos tratados, em total desrespeito à nossa real natureza, como partes, pedaços com vida própria: coração, pulmão, rim, olhos, ouvidos, nariz e garganta... Coitados de nós, que somos confundidos com nossas vísceras! Coitados de nossos médicos, heróis que conseguem salvar vidas apesar das limitações severas impostas por esses conceitos equivocados.
A cabeça precisa funcionar, precisamos saber pensar sobre nós mesmos, sobre o que sentimos...e até saber avaliar a necessidade de consultar o profissional de saúde. Temos indisposições passageiras, muitas vezes associadas a algum exagero ou inadequação alimentar que poderíamos corrigir com a prática de auto-observação. Mas somos condicionados à total dependência da avaliação de outrem.
Lembro-me que, há cerca de 20 anos, quando o jeans de laycra super justo era o auge da moda, passei a sentir insuportáveis dores nas pernas. E eu associava o jeans ao sapato de plástico e essa combinação bastante perversa era a causa do meu desconforto. Cheguei a consultar um especialista e a fazer exames mas logo a "ficha caiu"; foi só substituir o vestuário e o calçado.
E pronto, a saúde estava de volta.